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Natal cheio de presentes para o Alemão pacificado

Distribuição de brinquedos e cestas básicas, inauguração de cinema e anúncio de várias obras fazem alegria da comunidade

 

Rio - A ocupação dos complexos da Penha e do Alemão trouxe para os moradores um Natal repleto de presentes. À reboque da pacificação das comunidades, Papai Noel estacionou seu trenó e, ao lado da cantora Preta Gil, distribuiu centenas de brinquedos e cestas básicas arrecadados numa campanha idealizada pelo estudante Rene Silva, do jornal ‘Voz da Comunidade’. Na mesma hora, era inaugurado, na Favela Nova Brasíla, um cinema 3D, a primeira sala de exibição numa favela do Rio. Em clima de festa, o prefeito Eduardo Paes anunciou um pacote de obras, que inclui a construção de creches e escolas na região.

Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Prefeito Eduardo Paes e o Secretário de Segurança José Mariano Beltrame compareceram a inauguração do cinema | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Batizada de Cinecarioca, a nova sala de projeção tem capacidade para 93 pessoas acomodadas em poltronas de couro. A prefeitura vai subsidiado o preço do ingresso — R$ 8 —, mas moradores do Complexo do Alemão, estudantes, professores, idosos e portadores de necessidades especiais pagarão meia entrada (R$4). Haverá quatro exibições diárias.

“Este não é um cinema feito de qualquer jeito. Tem tecnologia de última geração, o mesmo padrão das salas da Zona Sul e Barra. Aqui antes era um amontoado de casas de alto risco. Agora moradores do Complexo do Alemão vão ter mais uma opção de lazer”, disse Paes, ao lado do secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame. 

Beltrame ressaltou que a entrada de serviços nas comunidades é importante para o sucesso da pacificação. “A cada nova UPP bato na tecla de que os serviços têm que entrar na comunidade para consolidação do programa. Isso tem sido feito”, afirmou. 

Os espectadores da primeira sessão foram os 60 melhores alunos de escolas municipais da região, além de autoridades e convidados, como o cineata Cacá Diegues.

O pequeno Mateus de Oliveira, de 8 anos, fez sua estreia numa sala de projeção. “Nunca tinha ido, eu gostei muito. Agora vou sempre juntar um dinheirinho para ver filmes de desenho e luta”, disse. A falante Natália Figueira, de 10, não continha a euforia de entrar pela primeira vez em um cinema. “As pessoas falavam dos cinemas, mas eu não sabia como era. Adorei, espero ver desenhos e o Bob Esponja”.

Cantora arrecadou R$ 28 mil para doações

Mais de 300 famílias do Morro do Adeus, em Ramos, tiveram ontem uma véspera de Natal muito especial. Acompanhado da cantora Preta Gil, Papai Noel distribuiu cestas básicas e brinquedos para as crianças da favela vizinha ao recém- pacificado Complexo do Alemão. As doações foram feitas pela cantora que arrecadou R$ 28 mil com a venda de roupas de artistas no bazar Noite Preta do Bem. 

“É a quinta vez que fazemos essa ação. Este ano a estória de Rene mexeu comigo”, disse Preta, referindo-se ao estudante Rene Silva, 17 anos, editor-chefe do jornal ‘Voz da Comunidade’ e que há seis anos distribui cestas de Natal fazendo a alegria de crianças como Andressa Cristina, 10. “No ano passado, pedi uma casa da Poly, mas não ganhei. Este foi o melhor Natal. Ganhei boneca e vi o Papai Noel”, vibrou. 

Melhorias em um prazo de seis meses

O prefeito anunciou a liberação de R$ 150 milhões para obras na comunidade. “Até a pacificação, no complexo, eu era ‘meio prefeito’ aqui, porque não conseguia entrar com os serviços. Assinei um decreto e esse dinheiro será usado para a construção de 15 creches, duas escolas e três clínicas em seis meses”, disse Paes, que revelou ter ser emocionado após o comandante da PM, Mário Sérgio Duarte, ter lhe prestado continência ontem.

“Ele me disse que eu acabara de ganhar uma nova cidade para administrar. E é isso que faremos. A Comlurb tratará a comunidade com Alemão com o mesmo empenho que os moradores do Leblon. Esse é, sem dúvida, um Natal diferente”, afirmou. 

Família volta a se reunir para o Natal após 14 anos de medo

Longe do Complexo do Alemão há 14 anos, a dona de casa Claudiane Silva Costa, que completou 27 anos ontem, foi passar o Natal e o aniversário com a família na Favela Nova Brasília. Ao lembrar os tiros que marcavam a data quando ia à comunidade na infância, ela destacou que a primeira comemoração natalina com paz no conjunto de favelas tem um gosto especial. 

“ Viemos morar no Complexo do Alemão quando eu tinha dois anos. Quando fiz 13 anos, meu pai levou toda a família para São Paulo por conta da quantidade de bandidos. Depois de alguns anos, meus pais voltaram para o Rio, para o complexo, mas o resto da família não acompanhou. Eu chorei muito quando ele voltou. Eu disse que não ia voltar. Já tinha filhos e não iria criá-los em meio a tiros e à vagabundagem”, contou ela. 

A família Costa estava completa para festejar o Natal: filhos, avós, netos, todos juntos ,sem o pânico da guerra e com liberdade para andar pela rua. Pressa apenas para os últimos preparativos da ceia, compras em supermercados, pintar a unha, arrumar o cabelo. 

Em meio à descontração da família reunida à mesa, Claudilene volta a lembrar dos momentos de tensão. “Lembro quando tinha 11 anos, o Morro do Adeus ainda era dominado por outra facção. Bastava dar meia-noite para os tiros começarem. E olha que ainda era uma outra época, sem tantos fuzis como agora”, recorda, para em seguida comemorara a nova realidade. “Hoje já posso dizer que se não tivesse conseguido comprar minha casa em Campo Grande, eu voltaria agora para cá”.

A matriarca da família Costa, Hilda Frazão Costa, de 73 anos, estava radiante com a família ao seu redor. E comentou que este Natal está bastante diferente dos anteriores. 
“Está diferente sim. Não há mais aquela aflição, o medo de sair na rua. O grande motivo de festa agora é voltar ao tempo em que no Natal que podíamos circular pelas ruas. Era uma festa poder ir até as casas dos outros para desejar feliz Natal” lembra dona Hilda.
 
“Agora a criançada pode ir lá fora, levar os brinquedos que ganharam e brincar à vontade. Quem é ou foi morador sabe que, de uns 15 dias para cá, deu para notar a diferença. O pessoal anda na rua despreocupado”, contou a moradora, enquanto observava o bisneto, Matheus, de 2 anos, morador de Campo Grande, se divertir jogando bola.


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